Calor.
Aqui está muito frio.
Só há um calor que aquece. Deixo as janelas abertas e o vento invisível
batendo... Sinto o vento como quem pisa em cacos de vidro. Está muito frio,
muito esquisito aqui dentro. Tudo distante. Ausente.
Não muito sozinho em caminhadas
de novas estradas. Não muito... A manhã
é nova amanhã. Embora me exija as mesmas coisas que querem ser diferentes. Ou
precisem ser.
Não reprimo a alegria,
sou fino no trato com ela. Mas hoje é uma alegria dominical. Sorriso de
anteontem. O céu claro, apesar de que me preocupo com o depois. Esse vão, vácuo
dos pensamentos embaraçados. Gosto de ser meu próprio espelho, minha nobre
criação, exposto ali, atrás, no passado que meu futuro criará.
Perdi tanto tempo
jogando fora velhos trapos. Eles poderiam ser reciclados por novas travessuras,
amores, encantos e assim esquecidos. O tempo é curto, é rápido, embutido nas
horas dos relógios que, nos prendem cronologicamente, quando precisamos de mais
tempo livre para viver.
Aqui continua frio. Mas
lá fora tá um calor perto de 40°. Uma sede afobada. Uma pitada de besteiras
feitas com um montão de tira-gostos de loucuras. Um refogado que preparou uma
farofa de detalhezinhos... Escondidos numa macarronada de problemas, mas,
saboreando à noite e sempre à noite, um sushi... De boas cumplicidades.
Vem vindo. Seja desde
já por mim bem-vindo. Alegre meu coração. Seja um presente atemporal pra mim.
Não importa o frio, o medo, a insegurança. Eu cheguei até aqui e daqui em
diante você estará ou eu estarei ao teu lado. Em outro lugar radiante você
andou. Fiz infinito o momento em que
sonhei com você e você aconteceu. Mas não deixaram chegar até mim.
Só peço uma lembrança
eterna. Pra sempre. Um segredo guardado.
Serei fiel a ele. Aqui comigo guardado e a vida seguirá. Em cantos
separados. Mas quando eu tomar sempre meu café da manhã estará aqui me
aquecendo num gole de café, posto a porcelana, o teu inesquecível sabor.
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