PERCEBER


Ah se soubesses o que guarda meu silêncio por te ver ausente de tantas coisas que, querem ser suas. Se soubesses como falo aqui sozinho, imaginando tua presença forte por um dia, uma hora ou um minuto.

Ah se soubesses do quanto meus passos querem tatear os teus passos, fazê-los de uma coincidência provocada, a providência imprescindível. Se soubesses como aqui sozinho, tento criar surpresas simples para que os teus dias sejam um pouco mais dias cheios de vida, não somente uma vida cheia de dias.

Ah, se soubesses que, escrever aqui largado, fechado em mim, criando um mundo futuro e colocar você, me faz bem melhor pelo simples prazer de saber que existes. Se soubesses que não te desejo porque não a tenho. Acomodo esse impossível, entre o talento e a sorte para não sofrer as obliterações desses sonhos; desejosos sonhos.

Ah, se soubesses da alegria que percorre meu espírito e invade o vacilante coração solitário, mas ainda vívido. Se soubesses que, em meio ao coração e a ternura, não há razão alguma para temer, não enxergar, detrimir, sem ao menos deixar-se saber, se conhecer.

Ah, se soubesses do quanto és capaz de encantar com sua beleza infindável, fino trato, jeito moleque, sorriso largo, fácil, com essa mania de viver somente o hoje, sem querer presumir o amanhã, sem nenhuma saudade do ontem. Se soubesses que valer à pena é sempre mais que uma atitude inerente em querer descobrir-se além, sem receio de encontrar-se, identificar-se.

Ah, se soubesses que, depois de você minha vida poderia ser uma incoercível página rasgada, para transfigurar-se em folhas brancas, limpas, para receber uma única história, de um só amor, de uma só vida. Se soubesses que são para ti todas às 24 horas do meu dia que, tão subitamente recebo de Deus. Todas as horas do meu dia seriam para os teus dias todas as horas.

Ah, se soubesses que não é loucura encantar-se sem nem precisar conhecer. Que ao enamorar com o desconhecido, é fazer do novo, mesmo que por um momento, algo pra sua vida, tão necessário; fiz. Se soubesses que, não há dor, embora essa minha inútil necessidade de um ouvir quem sabe um SIM, seja combalida racionalmente por aquilo que me ensinará, mesmo recusando, um NÃO.

Ah, se soubesses como olhar para o cotidiano que, implica em impingir uma realidade abstrata, a quem da que deve ser vivida. Se aceitasse meu olhar terno, minha voz baixa, tartamudeando algumas palavras que precisam ainda ser ditas. Se soubesse o quanto a certeza dessa ausência do TER, afeta esta incrível capacidade de tentar ser soberano ao menos do teu reino. Ser o escolhido para ter a escolhida.

Ah, se soubesses do quanto tantas coisinhas podem acontecer se o coração se apaixona, vira refém, se entrega, se aceita inevitavelmente ridículo. Esse mistério quase sempre inacessível que, é apaixonar-se. Essa tola e ridícula auto-suficiência para não comprometer-se, não fragilizar-se. Se soubesse que eu não suplico apenas ouvir tua voz para saciar o paladar da minha. Pois o que descreve o primeiro beijo não é a sensação de beijar apenas, mas sim confessar que, a partir daquele momento haverá uma dependência minha.

Ah, se eu soubesse como me entregar a ti, tocando tua mão somente, e assim te fazendo presa por cativar tal cárcere. E num olhar você vem se derreter de carinhos, jogando fora todo medo da decepção, do “será”, do “talvez”. Assim apegando-se ao momento sempre desejado que seja um encontro (nosso encontro). Se eu soubesse como acordá-la nas madrugadas com lindas mensagens, pedidos afins, voz de sono, sorriso lento, depois deixando vim a cumplicidade roubada, equilíbrio perdido.

E assim, nesse “sem entender” te procuro, confesso, até desejo. Sou essa atitude sem segredos, sem mistérios, desentranhada por uma sensação viva, voraz e paciente. É um instinto de loucura para os loucos que pensam que gostar e querer são condicionados a tocar e ver. Isso se chama conseqüência.

Precisei descrever esse diálogo com o meu eu e esse fascínio sem absurdos que, é o meu querer. Falar da vontade escondida, de sonhos que, por si só são possíveis; mesmo que a tua vida não se permita viver, teu coração ouvir, se abrir e teus sentimentos, tão necessários aos meus; perceber.

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