As afeições sem afeto...


Num momento de cultura secular, lendo uma reportagem da revista VEJA, me deparei com algo que fazia certo lapso de tempo que, me importunava, mas eu não sabia bem como agir diante e nem saber o que dizer. “Nos laços (fracos) da internet” as afeições vão se esvaindo como uma fumaça no ar... As afeições desse novo tempo, totalmente sem afeto.


Nosso país é de longe o país onde as pessoas mais se relacionam virtualmente, não há outro lugar interesse maior pelas amizades virtuais como aqui no Brasil. Essas redes sociais on-line estão cada vez mais povoadas e nós inversamente proporcionais, estamos sem dúvida, cada vez mais solitários. Afinal rede de amigos, não conseguirá nunca suprir as necessidades afetivas mais profundas dos indivíduos.


A superficialidade é “matéria orgânica” da internet. Parece algo intrínseco a essa comunidade global, ao mesmo tempo em que nos expomos, na verdade ninguém de fato está nos conhecendo no plano real. Publicamos-nos, falamos de nós, do que gostamos das nossas preferências, socializamos fotos, momentos, tudo como nas relações sociais de proximidade e troca devem ser; mas justamente falta o sal divido, falta o contato pessoal. Estamos preterindo o tato e preferindo saborear o paladar da impessoalidade que, esses relacionamentos virtuais insinuam.


As coisas nos parecem tão profundas, mas são ao mesmo tempo tão vazias. Sem perceber perdemos horas atualizando, espiando os passos das outras pessoas, vendo seus recados, respondendo-os, fazendo da nossa vida e da vida do outro uma novela preferida; se perdermos um capítulo, ficamos perdidos com a moral da história. Mas que vida sem moral que, nos escravizamos a ponto de nos esquecer de nós mesmos? Hoje é mais fácil falar o que o nosso “amigo virtual fez” do que dizer o que nós fizemos. Aposto que é!


Será se perdemos o prazer de termos um círculo de bons amigos? Não temos como manter um laço sincero de amizade com uma rede de mais de mil contatos. É impossível! Levantamentos de estudiosos nos dizem que, conseguimos ter no máximo cento e cinquenta amigos próximos, e não mais do que cinco “amigos do peito” que você pode contar sempre. Em qualquer momento. Claro que a internet promove a interação boa e agradável de amigos já existentes quando se frustram os contatos pela distância, mas não podemos crer que as relações harmoniosas salutares, aquelas que, sua vida e sua mente necessitam, possam ser feitas virtualmente. Como perceberemos a atitude e compreensão num olhar? Como receberemos a gratidão num abraço? Como nos confrontarmos com as manias e esquisitices que cada um de nós tem?


Vamos nos aproximar mais das pessoas, vamos fortalecer as relações já próximas, vamos criar uma rede de amigos onde poderemos encontrá-los sempre que possível, vamos brindar a vida com a alegria de sabermos que somos queridos, somos amados, que tem alguém que gosta de nossa companhia que divide problemas, nos confessam segredos e nos proporcionam uma insubstituível sensação de calor de presença e proximidade que, jamais poderá ser substituída pelo calor da tela e do teclado de nossos computadores.

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