Silencioso Desiderato


No dia-dia, em meio ao extremo das horas, as coisas passam em sua volta e muita das vezes, aquele nosso “eu” supremo, aquele lado meio impostor que reside dentro de nós, nos deixa impávido num mundinho fechado que, só vemos o que está à luz do nosso interesse. Ignoramos, reprimimos e até mesmo rejeitamos sentimentos que estão ali, ao alcance dos olhos, ao acalanto das mãos e do olhar... De um simples olhar. Essas aspirações são frutos de uma desentranhada atitude do imaginável. O imaginável saber do sabor de pensar e, de repente, acontecer.


Mas como em meio a uma situação inesperada, um lugar inesperado, um inoportuno instante carregado da mais absurda impaciência... A palavra lançada cuidadosamente, a gentileza servida como se esperasse o prato favorito, a delicadeza meio indelicada, a sutileza do minuto aproveitado, do minuto conquistado e a muito esperado. Descobri que, vale à pena ainda correr o risco do ridículo, e pedir pra ter a sorte de não ser patético. Mas nada importa quando o ridículo foi triunfante e fez a sorte mudar de lado.


O momento. Aquele segundinho se torna eterno que somos capazes de ouvir seus passos rumo à ausência do tempo presente... A realidade daquele instante desapega-se e apieda-se da imaturidade absurda de encantar-se bem ali; olhando para si e louco querendo olhar nos olhos dela! As palavras escorregam sem sentido, e sem nenhum sentido fui capaz de sentir-me vencedor. Mas isso são coisas de quem tem saudades do que é o amor!


Se soubesse quanto tempo dura uma solidão, poderia dizer agora que durou exatamente o tempo suficiente para me trazer você. Não sei se vai permanecer, não sei o que devo falar, confessar, não sei se queres viver essa tão inacessível solidão que, é preciso findar, preterir, destituir. A solidão tem suas próprias horas sempre enlutadas de vazio e agora entendo que esse vazio nada mais é que, um espaço limpo preparado pela solidão para receber você. Cuidado, isso tudo é tolice minha! Ou não?


Não importa se não percebes, se não cultivas a sensibilidade de tato trazidas pelas insidiosas atitudes provocadoras de um re(encontro)... Estar só me permite enxergar além do que eu mesmo desejaria não ver ou viver. Posso dizer que o hoje foi bem melhor que o meu ontem e que o meu amanhã vai sofrer com a tua dependência. Mas não tolere meus absurdos! No entanto, não culpe o tempo depois. Sou capaz de totalmente resignado entender que, o coração nem sempre olha os sinais do dia-dia, mostrando que o mundo não acabou. Quem sabe esses sinais estão gritando que bate à porta o inesperado novo amor.

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